Retirante


Sou Retirante em um mundo desconhecido, ora mel, ora fel buscando em cada recanto que faço um estranho mesmo quando sendo encontrado, vago sem tino e destino, abraço ventos contorno pingos de chuvas, devaneio em noites enluaradas cresço nas sombras das vegetações miúdas e curvo diante da imensidão das frondosas árvores que repentinamente serve de abrigo, onde eu posso parar relaxar um pouco e redirecionar o meu rumo, sempre avante meu azimute não consegue distinguir nem detectar e meu norte incerto se prolonga na imensidão desconhecida.

Caminhar na leveza das dunas, nas crespas rupturas das serras e colinas, vindo deliciar-se em caudalosas cachoeiras com seus lençóis de água cristalina, que me faz refrescar o corpo morno e dolorido, castigado do escaldante sol que vez por outro consegue se esconder em arvores que ampara as outras de porte menor.

O bom é ouvir o cantarolar das aves em sinfonia indecifrável, onde a mistura de ritmo torna o retirante mais acalmado e consegue transpor obstáculo muitas vezes imperceptível. Esse retirante se refaz reabastece o cantil que carrega em sua cintura, toma alguns goles de água, coloca uma fruta a mastigar segue em frente sem olhar o que passou, até porque não me interessa rever as pegadas deixadas os percursos percorridos já foram feitos.

Lá fora, bem adiante se consegue ver algo que me impressiona e anima, pois tem traços de uma cabana, ou uma pequena casa, mas o desconhecido me faz cauteloso em saber como aproximar, que devo encontrar naquele local tão distante, sem a menor forma de sobreviver em um terreno ríspido de trajeto quase fechado e que as vegetações se entrelaçam fortemente, onde nem animais conseguem transpor sem se ferir.

Como chegar até a aquela choupana de pau a pique e a cada passo dado cresce em mim a ansiedade de chegar ao ambiente desconhecido. Minha mochila trazida nos ombros, com alguns apetrechos de viagem já moldavam em meu corpo doído e que minha roupa encardida de suor e poeira já era enceradas, tornando um material resistente às intempéries encontradas, onde espinhos e pedregulhos resvalavam ao atingir minha vestimenta.

Vindo equiparar-se a um verdadeiro gibão de vaqueiro, sobretudo de couro resistente, feitos por mãos habilidosas de artesões que trabalham exclusivamente nesse tipo de confecção, e que vaqueiro e cavalo transpões a caatinga dos sertões diminuindo os riscos de arranhões.

Eu seguindo, seguindo e cada aproximar a ansiedade e cautela aumenta tomando conta de mim ao tempo que me absorve me torna forte e viril, chego perto procuro ouvir algum ruído e nada, chamo por alguém que possa me ouvir, mas ninguém responde, minha angustia cresce, penso será ter algo tão feroz que não possa me dar uma resposta, um sinal de existência!… Mas minha coragem se aflorava e consigo adentrar naquela choupana, que para minha surpresa e calma ela estava vazia, encontrei algumas embalagens de gêneros alimentícios, palitos de fósforos, balanços de armar redes, bitucas de cigarros feitos artesanalmente, latas, um pequeno fogareiro rústico apagado que fora usada talvez por caçadores ou desbravadores retirante assim como eu.

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