Literatura e inclusão: Imprensa Oficial Graciliano Ramos amplia vozes de escritores autistas em Alagoas


Abril Azul é o mês dedicado à conscientização sobre a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista

A Imprensa Oficial Graciliano Ramos tem se destacado como um importante veículo de difusão da literatura e das vozes diversas da sociedade alagoana. Em um movimento de inclusão e valorização das várias perspectivas, escritores autistas também têm alcançado espaços dentro da literatura. Essa iniciativa ajuda a ampliar a representação e a visibilidade dessa comunidade no cenário literário local.

 

É o caso da escritora Anna Kelmany Araújo, autora do livro Em Pau d’Arco Muitas Flores. Diagnosticada na vida adulta com autismo nível 1 de suporte, Anna transforma sua pesquisa, vivência e sensibilidade em literatura. A obra mergulha no processo de territorialização e reterritorialização identitária de um quilombo no Agreste alagoano, dando voz à luta por justiça e reconhecimento.

 

O Abril Azul é o mês dedicado à conscientização sobre a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Durante este período, diversas ações são realizadas para promover a compreensão e respeito pelas diferenças, além de destacar as contribuições de pessoas com autismo em diversas áreas, incluindo a literatura.

 

Anna observa avanços importantes na inclusão de vozes diversas na literatura, especialmente de mulheres, mas enfatiza que esse progresso ainda é lento e requer mais iniciativas.

Ela celebra o projeto “Mulheres Extraordinárias”, da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, como um marco, mencionando seu livro sobre o quilombo Pau d’Arco, lançado junto a obras de outras autoras.

 

“Acredito que a literatura vem ganhando espaço no sentido da diversificação de vozes, sobretudo no que diz respeito às produções de mulheres e aos temas que também estão sendo abordados, aos poucos, com muita luta, esse espaço vem se tornando mais plural e, consequentemente, ganho uma dimensão mais política.”

 

No entanto, ela ressalta que ainda é preciso avançar: “Necessitamos de mais investimentos e mais iniciativas que possibilitem a emergência de vozes historicamente excluídas e silenciadas no processo de formação do nosso estado”, afirma.

 

Ao falar de sua vivência como autista, a autora revela como a literatura tem sido uma ferramenta de autoconhecimento e conscientização. “Meu diagnóstico, por exemplo, é recente, veio na fase adulta, depois de uma vida de sofrimento e incompreensão. Há de fato um processo mais profundo de conhecimento e compreensão de quem sou e também de acolhimento em relação às minhas dificuldades e fragilidades”, disse.

 

A autora reforça a importância de quebrar estereótipos sobre o autismo e valorizar as potencialidades de cada indivíduo. “Eu existo para muito além dos estereótipos e das minhas dificuldades, acredito que nós autistas, cada um da sua maneira, temos muito a contribuir com o mundo, com a nossa forma de ver, de sentir, de pensar e de se comunicar”, afirmou.

 

Método e sensibilidade

 

A autora explica que seu processo de escrita está diretamente ligado ao ambiente, devido à sua sensibilidade sensorial. Ela prefere trabalhar durante a madrugada, quando há silêncio, e precisa de um espaço organizado, com iluminação amarela e tudo em seu devido lugar. Para facilitar a produção textual, utiliza uma metodologia própria, fichando os livros da bibliografia com marcações em cores específicas e marca-páginas com palavras-chave, o que contribui para sua organização interna e consequentemente, a produção textual.

 

Anna reforça a importância de ampliar a presença de pessoas autistas no campo literário: “É fundamental que possamos aos poucos ocupar os espaços da escrita e expressar a forma como sentimos, percebemos e interpretamos o mundo, pois nossa sensibilidade que ainda é tratada por muitos como um problema, não é, é na verdade mais uma forma de experienciar a vida. Mas para que nossas palavras possam ocupar o espaço da escrita publicada, precisamos que os neurotípicos tenham mais conhecimento sobre nós e empatia para promover de fato a inclusão.”

 

Em Pau d’Arco Muitas Flores

 

 

Para ter acesso à obra, basta acessar o site da Imprensa Oficial Graciliano Ramos ou visitar a livraria física do órgão, localizada na Av. Durval de Góes Monteiro, s/n – Anexo B, Maceió – AL.

Fonte: Agência Alagoas

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