A Vingança


Desde o limiar da minha vida político partidária, carreguei associado à minha imagem pessoal, a figura do deputado Luiz Dantas. Uma espécie de sósia. Vez por outra, encontrava pessoas que, equivocadamente abordavam-me assim:
– Deputado, quando vai a Batalha? Deputado, quando vai ao sertão?
No meu último mandato, fui colega de Luiz Dantas na Assembleia Legislativa. Ele contou-me o seguinte ocorrido:
Saía da Assembleia, quando seu motorista, por descuido, fechou um outro veículo. Aí, ouviu um brado:
– Que é isso, Temóteo Correia? Votei em você, viu? É assim que você me retribui?
Ele, Dantas, que havia tido alguns aborrecimentos em seu gabinete, aproveitou para desabafar no eleitor alheio:
– Na próxima, bote o seu voto na casa do diabo! Não preciso mais do seu voto.
– Ah! Temóteo Correia, me aguarde! -Bradou o condutor do automóvel que foi fechado.
Contava-me e ria divertidamente, tripudiando às minhas custas.
Pensei na lei do retorno, dei uma de João sem braço e ri também.
Certo dia, uma pessoa me aborda no supermercado Palato, lisonjeando-me com fervor:
– Ô, deputado, gostei da sua eleição para presidente da Assembleia! Agora vai botar aquela casa nos eixos. Boto fé, boto muita fé, viu? Aquilo ali precisa, urgentemente, ser moralizada Quando vai ao sertão?
Eu disse:
– Não vou fazer isso! Lá são todos meus amigos, vai continuar tudo como está. Em time que está ganhando, não se mexe.
A pessoa contraiu o semblante, abaixou a cabeça, desconsolada e decepcionada, foi se afastando até sumir.
Eu, com meus botões:
– Vinguei-me!

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