Há personagens da vida política que são verdadeiros cunhadores de frases ou historietas, que ornam e marcam a literatura pitoresca ou folclórica do seu meio e tempo. O ex-governador Geraldo Bulhões é um deles. Numa roda de políticos, atentos para ouvi-lo, fazia a seguinte analogia:
– A política é como uma bicicleta. O ciclista começa a pedalar, vai se entusiasmando, se entusiasmando, até dar uma derrapada e cair. Arranha-se, fica cheio de hematomas e joga a bicicleta lá no limbo, com o guidom empenado, selim torto, pneus furados, enfim, bastante avariada. Depois de certo tempo, já sem arranhões e hematomas, é tomado pela saudade. Vai olhar a bicicleta, passa uma flanela para retirar a poeira, desempena o guidom, ajeita o selim, calibra os pneus e volta a pedalar. A política é assim.
Um dos presentes o indagou:
– O senhor já derrapou, governador?
Geraldo Bulhões sentenciou:
– Nessa bicicleta, quem nunca derrapou, um dia derrapará. A não ser que, contra a própria vontade, desista de pedalar.
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