O DISCURSO MÍTICO DA RAZÃO POSITIVISTA


A razão positivista desenvolve o projeto de sociabilidade a partir discurso da cientificidade moderna atrelado ao desenvolvimento mítico do progresso. Assim, na perspectiva do último texto publicado afirmamos que o pensamento de Auguste Comte (1798-1857) será propício para entendermos o funcionamento mitológico positivista da República brasileira. O positivismo é uma ideologia que justificou o método científico através do mito da objetividade.

O positivismo foi o principal referencial que representou não só o século em questão, como, também, a esfera das pesquisas sociais no século XXI. Michael Löwy (1995), comenta, “as ciências sociais deviam funcionar exatamente segundo esse modelo de objetividade cientifica”. Essa corrente foi assim questionada por ter defendido uma posição reducionista da filosofia e da sociedade humana através das leis imutáveis para além de todo fazer social. As ciências sociais para o positivismo deveriam ser da mesma forma que as ciências exatas livres supostamente de ideologias.

Sendo assim, reafirmado Zaidan(1992), “o historiador era entendido como um legista que dissecava a História como um cadáver, negando qualquer relação passional com a pesquisa”. A neutralidade era o ponto fundamental que todo cientista social deveria alcançar. Quanto mais isoladamente e distante do objeto o pesquisador ficasse, maior seria o grau de cientificidade atribuído ao estudo. Difícil de compreender uma pesquisa de história que não tenha um envolvimento direto com a realidade social, quando não é apenas um dispositivo estratégico de opressão.

O método do Materialismo Histórico e Dialético tem como objeto o ser social, propondo uma perspectiva relacional à produção da materialidade histórica atribuindo um sentido às lutas de classes no lugar dos acontecimentos, apontando a ontologia como potencial determinante do entendimento da realidade. O pensamento crítico consegue contribuir, de forma dialética, para uma crítica sobre a sociabilidade do capital, com uma história a contrapelo, ou seja, em uma perspectiva que apresenta a sociedade em um ângulo distinto do até então imaginado em uma análise que não prioriza a homogeneidade, o continuísmo, a harmonia e o pessimismo.

Esse método propôs pensar a história distinta daquela tipicamente positivista, baseada na velha narrativa e, acima de tudo, a serviço dos grupos dominantes na elaboração de mitos e heróis contemporâneos produtos de uma indústria cultural alienante e alienada. Porém, a proposta de se fazer uma história dialética é, também poder, ao mesmo tempo, fundamentar o olhar sobre o ser social, sem perder de vista a emancipação humana que a própria ciência promete. No entanto, quando a ciência não realiza socialmente o que promete é, mito, ou seja, ideologia.

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