Sem tratamento ou vacina, Covid-19 exige isolamento para diminuir o contágio


Infectologista Marcelo Constant explica a necessidade da quarentena e afirma: “Prosperar a economia e sacrificar vidas não é uma escolha”

O fato de a Covid-19 ser uma doença completamente nova para médicos e demais profissionais da área de saúde é só um dos vários motivos que justificam a necessidade de isolamento social para conter o coronavírus. Por isso, mesmo que o número de casos em Alagoas pareça menor em comparação com os estados vizinhos, ainda não é o momento de flexibilizar medidas como o funcionamento do comércio ou a volta às aulas nas escolas. O número relativamente baixo de casos confirmados se deve justamente ao isolamento social, o que não significa que o vírus não esteja numa circulação perigosa em Alagoas.

“A medicina já conhece os coronavírus há muito tempo, mas a doença Covid-19 que agora essa pandemia produz é totalmente desconhecida para nós. Então, no momento em que não se tem certeza de nada, a melhor recomendação é mesmo o isolamento social. Repare que isso não chega nem aos pés do que alguns países da Europa decidiram, onde simplesmente entraram em quarentena [ou lockdown, como a prática também é conhecida mundo afora]. O que há no Brasil hoje é apenas uma recomendação de que, se possível, a pessoa fique em casa”, explica o médico infectologista Marcelo Constant.

Quase unanimidade entre os médicos, a projeção de que os próximos 15 dias serão cruciais para o controle da curva epidemiológica também preocupa o infectologista. “Pela experiência vivida de outros países, eu diria que as duas próximas semanas serão vitais para que a curva de ascensão da pandemia possa diminuir aqui no Brasil. E com isso dar tempo ao sistema de saúde para se organizar, se preparar para atender as pessoas que porventura venham necessitar de hospitalização”, destaca.

Reabertura do comércio – Constant também critica aqueles que tentam forçar a reabertura do comércio e demais atividades econômicas cujos serviços estão suspensos via decreto estadual – por ora, devem seguir com restrições de funcionamento até o dia 20 de abril, próxima segunda-feira.

“A economia, se entrar em colapso, nós teremos uma oportunidade no futuro de recuperá-la. Mas a vida não. Uma vida perdida não se recupera mais nunca. Um outro detalhe é que estamos enfrentando uma doença nova, apesar de já se conhecer o vírus”, diz. “Se olharmos por um aspecto diferente, a gente vai ver que o empresariado prospera pelo trabalho anônimo de milhares de pessoas. Prosperar a economia e sacrificar vidas não é uma escolha”, completa.

Decretos

Pelo decreto publicado no dia 6 de abril pelo governador Renan Filho, os servidores públicos estaduais continuam em regime de teletrabalho até o dia 20 e os estabelecimentos comerciais permanecem fechados até esta mesma data. O atual decreto em vigor é o terceiro com medidas preventivas e de enfrentamento ao novo coronavírus – o primeiro decreto foi editado em 19 de março.

Na primeira prorrogação, o governo do Estado já havia mantido o funcionamento dos estabelecimentos e dos serviços essenciais, bem como restabeleceu as atividades industriais, de lavanderias e de oficinas mecânicas. Lojas de material de construção e de prevenção de incêndios também foram autorizadas a funcionar por meio da entrega em domicílio ou por ponto de coleta.

Foi instituído, também, o serviço de entrega conhecido como “Pegue e Leve” a restaurantes, lanchonete e estabelecimentos congêneres. Lojas e outros estabelecimentos comerciais puderam funcionar através de serviços de entrega, inclusive por aplicativo.

No último dia 6, o Governo do Estado estendeu a reabertura aos fornecedores e distribuidores dos segmentos industriais; lojas de autopeças e estabelecimentos de higienização veicular puderam voltar a operar, desde que com hora marcada e sem gerar aglomerações de pessoas; e manteve-se o funcionamento de padarias, lojas de conveniência, mercados, supermercados, minimercados, açougues, peixarias e estabelecimentos de alimentos funcionais e suplementos, sendo proibido o consumo no local.

Fonte: Agencia Alagoas

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