Olhando pelo retrovisor me vejo mesquinho a distanciar de tudo que outrora me cercava e aquele vazio começa à ser preenchido com uma vontade imensa de ficar, de correr pelos campos e reviver cada cantinho, sentar naquele banquinho de ripas crespas ou na rede armada entre frondosas árvores onde sombreia boa parte do alpendre da casa. Naquela gamela de barro, os gansos a se deliciar com sobras de comidas vindo a deslizar no espelho d água do laguinho que fica bem perto dos pés de laranja lima, o campo todo florido pois a época de primavera deixa o campo multicolorido e também com aquele cheirinho inconfundível. O bater da forrageira à triturar a palma que será alimentos para pequenos portes de animais, tendo o “Garboso” um touro garanhão reprodutor, outros de cortes e algumas vaguinhas de leite, sem esquecer de algumas ovelhas, cabras e cabritos. No amanhecer já se escuta o mungido no campo o bater das asas das galinhas e os galos a cantarolar. De repente chega Seu Joaquim vaqueiro habilidoso com seu cigarro de palha na boca se dirige a margem do riacho, lava as mãos e começa ordenhar as vaguinhas produtoras de leite. E aquele leite quente, recém-tirado, segue a mesa, não somente da casa grande, mas para as outras vizinhanças e boa parte para ser comercializada nas ruas, sem esquecer de deixar grande parte para fazer o queijo a coalhada, tudo artesanalmente, porém com todo o cuidado de higiene, para manter a qualidade do produto e também do comercio. Bem perto dali o laguinho a oferecer aos meninos o lazer de pescar lambaris, traíras e quando chegava à tardinha deliciarem à tomar aquele banho prazeroso, depois do “rachinha” no campinho bem próximo a casa, que não chegava a ser de terra batida, até porque tinha um vasto gramado que encobria boa parte, reservando sem grama sempre a área mais delicada, ou seja o lugar dos goleiros. São imagens que levo na minha bagagem, que por mais que tente me desfazer, elas se repetem instantaneamente e me sinto preso a elas e ela a mim.
Valter Lima.
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