Neilza Cândido da Silva, alagoana, de 52 anos, é dona de casa, já trabalhou como babá e empregada doméstica. Ficou desempregada devido aos efeitos da pandemia da covid em meados de 2020. De segunda a sexta-feira, ela sai de casa, no bairro Canaã, de ônibus com seu marido para estudarem juntos na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) da Escola Municipal José Carneiro, localizada no bairro do Farol.
O incentivo para voltar à sala de aula veio tão somente de sua filha, Poliana dos Santos Silva, de 32 anos, que também estuda na EJAI da mesma escola que a mãe.
Dona Neilza parou de estudar na juventude, quando fazia o quarto ano do ensino fundamental, para poder trabalhar e sustentar a casa. Ela conta que tem cinco filhos, um já faleceu, dois vivem com ela e os outros moram em outros locais.
“Antigamente, eu não tinha muito recurso para estudar e não tinha essa lei para as domésticas, era muito trabalho escravo. Hoje, só não vai quem não quer, principalmente com essa oportunidade de estudar a noite com o EJAI. As pessoas estão tendo oportunidade de aprender a fazer pelo menos o próprio nome”, afirmou
A dona de casa divide o espaço com seu marido, Márcio da Silva Cândido, de 40 anos, que retomou os estudos depois de ver mãe e filha se ajudando na escola. Os três vão juntos para a escola.
“Eu me sinto bem, porque estamos eu e ele na mesma sala. A gente faz junto as tarefas. Às vezes ele não sabe e eu não sei de algumas coisas, mas um ajuda o outro. Eu acho muito importante voltar a estudar, não pela minha idade, mas porque quando a gente quer conseguir algo, independe da idade, a gente consegue”, conta a dona de casa.
A aluna do quarto ano contou que decidiu voltar para a escola porque estava desempregada e inquieta em casa, além do estímulo da filha. Poliana não estuda na mesma sala que o casal porque faz o oitavo ano, mas os auxilia como pode nas atividades escolares.
“Para mim é ótimo estudar ao lado dela, no colégio que ela está. Para mim é tudo. A gente vai e volta juntas, faz as atividades juntas, o que eu posso ajudar eu também ajudo. A gente tem uma relação ótima tanto em casa como na escola”, afirmou Poliana, que trabalha como manicure há anos.
O Dia das Mães, para Dona Neilza, é celebrado nessas pequenas ações em família e na relação de cumplicidade que tem com os filhos. “É um dia de muito amor, esperança e felicidade. A gente como mãe batalha muito para dar o melhor para nossos filhos. Aprendi muito na vida como mãe, já lutei muito, mas é recompensador”, comentou.
A família tem trilhado um caminho na educação que, para eles, pode possibilitar muitas realizações no campo profissional. Márcio, por exemplo, trabalha na área de serviços gerais e pretende fazer mais cursos depois que se formar. Já Dona Neilza disse que quer terminar os estudos e se especializar.
“Tem muitos assuntos na escola que eu tinha esquecido e acabei lembrando. Para mim está sendo ótimo. Mesmo que eu volte a trabalhar, eu vou continuar estudando”, concluiu Neilza Cândido.
Rotinas divididas entre trabalho e educação dos filhos
A servidora da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Roseane Alves, de 23 anos, sentiu uma grande emoção ao falar sobre seus filhos por telefone. Ela trabalha no setor de transporte escolar há um ano e tem dois filhos na rede municipal de ensino. Seu filho de 10 meses, Luiz Henrique, fica durante o dia na creche Sônia Cavalcanti, no bairro do Bom Parto e sua filha Ana Luíza, de 3 anos, na creche Herbert de Souza, na Cruz das Almas.
Anne contou que mora no bairro da Jatiúca. Ela acorda 5h da manhã para organizar a casa, os filhos e a si própria, depois deixa a filha na creche, pega o carro disponibilizado pela Semed junto com o outro filho e o deixa em sua respectiva unidade. Depois disso, Anne vai trabalhar.
“A rotina é muito puxada, acordo 5h para poder arrumar os meus filhos, o meu filho vai comigo. Eu acho até muito bom porque a criança cresce com rotina, cresce aprendendo na escola”, disse a servidora.
Apesar da rotina cansativa, Anne disse que é gratificante e gosta de também ser lembrada no Dia da Mães.
“É uma sensação gratificante e maravilhosa ser mãe. Essa semana teve uma ação na creche e eu fui participar com meu filho. Ele me deu um presente no dia. Eu fiquei muito emocionada. É muito bom vê-lo participando dessas ações na escola e aprendendo a amar.
Dafne Cristina é outra colaboradora da secretaria e trabalha no setor de prestação de contas desde 2017, efetivamente. É mãe de Pedro Vagner, de 10 meses e de uma menina, de oito anos. Dafne contou que ficou apreensiva e pesquisando lugares onde poderia deixar seu filho depois que voltasse a trabalhar. Ela lembrou da creche Sônia Cavalcanti, ao lado da secretaria, ligou para lá, se cadastrou e conseguiu vaga no local.
“Na época ele tinha oito meses. Então para mim isso foi minhas mãos e meus pés, porque hoje em dia para mim é tudo. Venho trabalhar pela manhã, deixo ele na creche, trabalho tranquilamente e quando largo já venho pegar ele, e fica bem do lado do meu trabalho. Ele está sendo extremamente bem cuidado, começou a comer aqui, começou a caminhar aqui, então para mim é tudo”, relatou Dafne.
Para ela, ser mãe é um desafio porque todo dia é uma superação, é uma luta diária, mas é ao mesmo tempo gratificante. “Minha rotina diária é extremamente corrida. Mas assim, isso é a minha vida e é extremamente gratificante, largo tudo por eles. A palavra que eu resumiria esse trabalho como mãe é gratidão, porque só em sair de casa e deixar ele com pessoas que não tenho convívio e saber que ele está sendo bem tratado, não tem preço”, disse a servidora pública, emocionada.
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