Dona Maria Alagoana reforça o compromisso de Maceió com uma cultura popular diversa, afetiva e para todas as idades
O São João é tempo de memória, de festa e de resistência. No tablado do Festival Municipal de Quadrilhas Juninas, o brilho veio não apenas das indumentárias coloridas, mas dos olhos de quem carrega décadas de história e ainda encontra na cultura popular um novo sentido para viver.
A quadrilha junina Dona Maria Alagoana, formada por pessoas acima dos 60 anos, fez sua estreia emocionante no festival e provou que a cultura é, também, um lugar de recomeços.
“É vida nova. A gente se renova”, disse Maria do Socorro, 73 anos, a rainha do milho do grupo. A fala ecoa o propósito que move a Dona Maria: oferecer aos integrantes uma oportunidade de continuar sonhando, dançando e celebrando a vida.
“É a segunda vez que sou rainha do milho, mas cada vez é uma emoção diferente. A cultura faz a gente aparecer, ser reconhecida”, completou.
A quadrilha foi fundada por Elvis Pereira, que também é o presidente do grupo. Para ele, a Dona Maria é mais do que um projeto artístico. “É sobre mostrar que todos somos capazes de realizar nossos sonhos, independentemente da idade. O São João é nosso também. Nossos idosos não estão à margem da festa, eles são protagonistas”, afirmou.
No meio da multidão que lotava o espaço do festival, os aplausos eram constantes. Gelly Silva, que atua na produção e também dança na Dona Maria Alagoana, resume o espírito do grupo com simplicidade e afeto. “A Dona Maria é um grupo de idosos que se reuniram pra fazer cultura e arte. Tem quadrilha, coco de roda, ciranda. A gente quer estar junto, vivendo. Participar do São João é uma vontade antiga nossa. Estar aqui é encantador”, ressaltou.
A emoção de cada integrante era evidente. Rosiane Barros de Albuquerque, 63 anos, participou dançando, mesmo após ter se apresentado com o grupo de Coco de Roda Pisa Miudinho na semana anterior. “Eu amo dançar. Todo ano danço quadrilha, coco, pastoril, o que tiver. O importante é fazer cultura. Hoje foi muito bom, estava feliz dançando nesse tablado. Deu tudo certo”, contou, sorrindo, com a alegria de quem reconhece no palco um lugar de pertencimento.
A participação da Dona Maria Alagoana no festival representa muito mais do que um número na programação. Ela escancara as possibilidades transformadoras da cultura popular, que acolhe, valoriza e dá visibilidade a corpos e histórias muitas vezes invisibilizadas pela sociedade.
Para o presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), Myriel Neto, ações como essa revelam a força viva da tradição junina em Maceió. “Quando nossos idosos dançam, eles não estão apenas lembrando do passado — estão escrevendo um presente potente. A Dona Maria Alagoana é símbolo de que a cultura é território de todos, de todas as idades. O São João se torna mais bonito quando é inclusivo e afetivo”, pontuou.
Com passos firmes e corações leves, a quadrilha Dona Maria Alagoana fez mais do que dançar, emocionou, inspirou e reafirmou que nunca é tarde para subir ao tablado e se reinventar. A cultura popular é também espaço de resistência, de memória e, sobretudo, de amor à vida.
Fonte: Ascom FMAC
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