Idosas capoeiristas conquistam graduação no Dia da Capoeira Cerimônia foi realizada no Lar São Domingos, na Mangabeiras


Ação foi realizada no Lar São Domingos, na Mangabeiras. Foto: Juliete Santos/Secom Maceió
Com muita alegria, animação, cantoria e gingado, as capoeiristas formosas do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Centro de Referência de Assistência Social, (Cras) Pitaguinha, receberam nesta quarta-feira (3) suas novas cordas em cerimônia na sede do Lar São Domingos, no bairro Mangabeiras.

O grupo que conta com cerca de 32 idosas está há dois anos em atividade no equipamento e já conta com histórias de superações através da capoeira. A coordenadora do Cras Pitaguinha, Gal Souza, explica que o serviço de convivência recebe, diariamente, diversos testemunhos de melhoria na saúde e ressocialização na comunidade em que vivem as idosas.

“A capoeira tem sido de grande importância para elas, porque elas têm se ressocializado, saído de casa e principalmente fortalecido os vínculos, tanto com a comunidade quanto com os familiares. Todas as vezes que a gente faz eventos como esse, em depoimentos, elas falam que a vida delas mudou completamente, tanto em relação à saúde, quanto com relação ao convívio. Muitas delas relatam que saíram da depressão, saíram do isolamento, por conta das atividades em conjunto”, contou a coordenadora.

Uma das histórias de superação através da capoeira é da aposentada Tereza Maria, 70 anos. Ela faz parte do grupo desde a fundação e relatou a felicidade em estar praticando o esporte e, hoje, receber a graduação simbolizada com a conquista de uma nova corda.

“Estou nesse momento de máscara, mas aqui por trás está meu sorriso gigante. Estou muito feliz com esse momento e vou me esforçar para fazer o melhor de mim e fazer jus à nova corda. De verdade, a capoeira mudou minha vida é muito importante para mim pois ela nos transforma em criança, um sentimento mais jovial e tudo vai mudando, para melhor. Enquanto eu estiver andando e me arrastando eu estou na capoeira. Era meu sonho de pequena e hoje eu consigo praticar”, comentou.

O sonho de infância de Tereza passa pelas mãos e instrumentos do Professor Ivanildo Antônio da Silva Santos, mais conhecido como Mestre Besourão. Praticante de capoeira há 35 anos, ele está à frente do projeto Capoeiristas Formosas do Cras Pitaguinha e falou sobre o sentimento de graduar esta turma em especial.

“O sentimento hoje é de muita felicidade e revitalização! Para estarmos aqui, não foi fácil, uma verdadeira batalha e superação profissional. Tivemos que estar sempre nos atualizando com esse público e suas limitações diárias. Hoje, teremos algumas alunas que já vão para uma segunda graduação e isso é muito significativo na capoeira, pela idade delas e sua autoestima. E isso reflete no trabalho, que está tendo um bom andamento e aceitação entre elas, que são de um público tão carente de ações afirmativas. Então com a capoeira tentamos suprir isso”, destacou Mestre Besourão.

As capoeiristas estão semanalmente aprendendo sobre a cultura afro-brasileira, os instrumentos da capoeira e sua história, além dos movimentos da arte marcial. Através dessas aulas, elas também promovem apresentações em diversos espaços públicos de Maceió.

“Todo mundo fica encantado com essa força e garra de vocês, pude ver e acompanhar a apresentação na sede da Semas, vocês são perfeitas, maravilhosas e um exemplo para todos nós. É uma honra poder estar aqui, representando a Assistência Social e vê-las recebendo essa graduação, nos motiva muito todo esse empenho”, ressaltou a coordenadora geral dos CRAS de Maceió, Alana Soriano, se dirigindo ao grupo de capoeiristas formosas.

Há também um formoso nesse grupo repleto de mulheres. O nome dele é Flávio Silva, 59 anos. O aposentado reiterou a importância da capoeira em sua vida.

“A ancestralidade da capoeira e sua história é algo que me fascina e me deixa muito feliz. Subimos a serra, no Quilombo dos Palmares. É uma coisa que só indo, para sentir e conhecer tudo. A capoeira mexe muito comigo, desde o dedo mindinho ao fio de cabelo na minha cabeça e trabalha muito a mente, o psicológico da gente. E uma magia! É muito diferente do que qualquer coisa que já vi e senti”, revelou.

Flávio explicou como todo o aprendizado sobre a cultura afro-brasileira o apaixonou e o deixa feliz, apesar dos problemas em sua vida.

“Quero continuar praticando este esporte pelo resto da minha vida enquanto tiver condições. Já tive e convivo com muitos problemas de saúde, mas é a capoeira que me ajuda nisso tudo”, frisou o capoeirista que recebeu sua primeira corda na cerimônia.

O serviço de convivência também trabalha com o grupo de crianças, mulheres, idosas e pessoas em vulnerabilidade social. Além de participar da capoeira inclusiva, a dona de casa, Noêmia Pereira, 65 anos, também participa de outras atividades no espaço do Cras Pitaguinha, demostrando satisfação com as ações do equipamento social.

“Tem menos de dois anos que estou participando dessas atividades do Cras, mas já amo de coração. O grupo e toda a equipe de lá nos anima muito e é uma satisfação participar de tudo. Às vezes estamos mais tristes e cabisbaixa, mas tudo isso nos ajuda demais. Eu tive depressão e desenvolvi fobias que foram sendo curadas através dessas atividades que nos dão mais ânimo para a vida” declarou a participante.

Dia Municipal da Capoeira 

O Dia da Capoeira, que foi instituído através da Lei Municipal 5.887/2009 e da Lei Estadual 7.668/2014, é uma data importante para os praticantes e amantes da arte marcial de matriz africana. O batismo e graduação das capoeiristas formosas fizeram parte das ações que comemoraram esta data.

No evento também se fizeram presentes importantes personalidades da capoeira de Alagoas como o mestre Cláudio, que é padrinho do grupo das Capoeiristas Formosas e o professor Claudevan Golçalves, que palestrou sobre o tema “A importância e a contribuição da capoeira para a socialização e a inclusão social”.

Esteve no local também o presidente da Federação Alagoana de Capoeira (FAC), mestre Virgulino, ressaltando a admiração que tem pelo trabalho de inclusão que é feito no Cras Pitaguinha.

“Eu vejo essa questão da inclusão social da capoeira com o idoso, ou com a pessoa com deficiência, de muita importância. Sou um admirador deste trabalho do mestre Besourão e de toda a sua turma de capoeiristas formosas”, pontuou.

As atividades da semana do Dia da Capoeira vão se estender até o domingo (7). Para mais informações é só acessar as redes sociais da Federação Alagoana de Capoeira.

O Centro de Referência de Assistência Social, Cras Pitanguinha, fica na Rua Cônego Tobias, s/n, no bairro Pitanguinha. Para mais informações sobre essas e outras atividades é só ligar para o (82) 3312-5955.

Fonte: Ascom Semas

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