GRITO DE LIBERDADE


Voa, voa gaivotas e gaviões

E que teu revoar possa mostrar cantos sussurros e gemidos,

Noites densas, que nos acoites já não sabem se calam, gritam ou gemem.

Vai debruçando em recintos fétidos, de negros másculos e viris que

mancham suas vestes de suor, sangue e lágrimas,

De negras de tetas firmes e largas ancas, que balbuciam com leves cantos a

embalares seus filhos, quase não encontram o que lhe saciar.

Gritam seus algozes aos capatazes e num brado destorcidos chicoteiam sem causas.

Oh mar que tu não sejas testemunha de tudo em silencio, já não tem pressa nem ordem que o possa mostrar.

Retirantes de mares perdidos,

Onde sua bandeira já não sabe como empunhá-la.

E se o pudesse fazer, seria um desentender a aqueles que o acoitava.

Seria um ato ridículo talvez, diante de tudo e de todos que se amofinavam.

Nesses porões, como vermes triturados sua voz calava, sua virilidade abatia e tú guerreiro sentia aturdido, porem jamais abatido pela sua Fé.

Clamava por Deus e mesmo ferido pelo chicote e pelas amarras nos porões, sua voz ainda tinha força para ecoar um grito de Liberdade.

Valter Lima

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