Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa em Alagoas (Fapeal) entre 2019 e 2020, alagoana Ana Júlia de Carvalho foi única brasileira entre os 10 selecionados de todo o mundo
Nesta quarta-feira (10) foi anunciada a final do Global Student Prize, prêmio considerado “o Nobel da Educação”. A única concorrente da América Latina foi a estudante Ana Júlia de Carvalho, que ficou entre os 10 finalistas do mundo inteiro, competindo com 3,5 mil outros estudantes, de 94 países.
O mérito está em sua trajetória estudantil, focada em projetos de iniciação científica júnior, na Escola Industrial Abelardo Lopes, mais conhecida como Sesi Cambona. Ana Júlia é concluinte do 3º ano do Ensino Médio e, no momento, se prepara para finalizar o semestre e começar suas aplicações para as universidades dos Estados Unidos. Durante um ano, ela recebeu bolsa do Governo de Alagoas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeal).
A estudante foi selecionada num edital no inédito do Programa de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr. Fapeal/Sebrae), que destinou as bolsas desse programa, que já é tradicional e consolidado, para uma área diferente: a inovação tecnológica e o empreendedorismo, cuja primeira edição que apoiou 80 projetos.
Foram escolhidas para o experimento as escolas Sesi/Senai do bairros Cambona e Benedito Bentes, em Maceió, por causa da maturidade dos programas de pesquisa e desenvolvimento que envolvem os jovens do Ensino Médio, por meio de projetos que já foram vencedores de várias competições científicas e tecnológicas nacionais na última década, com destaque para as áreas de robótica, novos materiais e soluções inovadoras.
Ana Júlia foi bolsista da Fapeal entre outubro de 2019 e dezembro de 2020, para dedicar-se ao projeto de um carregador portátil baseado em energia solar e eletromagnetismo, orientado pela professora Andrea Souza, mas chegou a participar de sete experimentos nos programas da Escola Sesi.
Fapeal estuda metodologias para apoiar jovens pesquisadores
Na última segunda-feira (8), Ana Júlia foi recebida pelo professor Fábio Guedes, diretor-presidente da Fapeal, e já havia conversado com o Governador Renan Filho, em 21 de outubro. A principal pauta do encontro foi como apoiar os alunos da rede pública estadual que têm o mesmo interesse em participar de feiras e competições de ciência, tecnologia e inovação.
A Fapeal se comprometeu a estudar metodologias que tornem viável apoiar financeiramente esses estudantes, que geralmente precisam pagar taxas de inscrição e passagens, a exemplo do que já ocorre com pesquisadores graduandos e graduados, por meio do Edital de Participação em Eventos Científicos, o ARC Fapeal, instituído em 2016.
Ana Júlia, que já viveu essa experiência diversas vezes, principalmente em competições de robótica nacionais e internacionais, topou colaborar com a equipe da Fapeal a respeito do assunto, trazendo a realidade dos estudantes que precisam desse tipo de apoio.
“São alunos assim da rede pública que temos que identificar, apoiar e fazer com que os sonhos deles sejam alcançados, porque as dificuldades que eles enfrentam são muito maiores do que as dos alunos da rede privada. Essa indicação da Ana Júlia tem um efeito de exemplo.”, analisa o professor Fábio Guedes.
Ambos participaram ao vivo do evento de iniciação científica do Congresso Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a convite do Reitor Josealdo Tonholo.
“Os projetos do Brasil são fortes, mas poucas pessoas conhecem”, observou a estudante. “Eu acredito que independentemente do resultado, já sou uma vencedora, por causa das oportunidades que a indicação abriu. Eu sempre tive a intenção e o sonho de desenvolver a ciência aqui no estado. E sempre via que existiam as oportunidades, mas não existiam os caminhos certos para as coisas acontecerem. E agora eu tive muitas oportunidades. Então, eu considero isso a minha vitória”, comemora Ana Júlia.
O ganhador do Global Student Prize foi anunciado na tarde desta quarta-feira, 10, pelo ator Hugh Jackman em cerimônia virtual internacional. O vencedor foi o estudante Jeremiah Thoronka, de Serra Leoa, com um projeto ligado à energia elétrica.
Fonte: Agencia Alagoas
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