Ouvia dos pais histórias de nobres de terras distantes que faziam festas nos altos dos quilombos. Virou Rás em uma referência a uma origem nobre etíope. Na história, consta também a possível passagem de seus antecedentes, nobres africanos, pela República dos Palmares. Estes antecessores teriam fugido ao ataque dos “paulistas” e assim proporcionaram a sobrevivência da linhagem real que teve continuidade com Gonguila.
Como engraxate, tinha clientes de todas as naturezas: políticos, empresários, intelectuais, artistas, desempregados. Todos frequentadores do Café do Cupertino, no Ponto Central de Maceió, onde montava sua cadeira para trabalhar.
O bloco carnavalesco nasce assim, desse contato diário com parte da elite econômica de Alagoas e da possibilidade de conseguir contribuições para viabilizar o grupo. O Cavaleiro dos Montes foi inspirado nos filmes norte-americanos de faroeste e no Alto do Farol, antigo Jacutinga (empresta os Montes para a denominação), onde o bloco iniciava seus desfiles. A sede era na Ponta Grossa, onde Gonguila também morava.
Há informações de que a primeira sede teria sido no Farol. Por isso, Ednor Bittencourt no livro Corrupio, Memórias 2, descreve o Cavaleiros dos Montes como um bloco da parte alta da cidade, isto é, Farol. De lá, o bloco saia sob comando de Rás Gonguila, que não ficava no estandarte e sim tocando clarim anunciando a sua passagem.
A sua performance carnavalesca era tão imponente e importante que, a partir de 1936, quando o Clube Fênix Alagoana inaugurou sua nova sede na Avenida da Paz, passou a ser contratado para recepcionar os sócios na entrada dos seus salões.
Gonguila não promovia apenas festas carnavalescas; virou liderança e era procurado por políticos em busca de apoio eleitoral. Também promovia eventos com orquestras em comemoração a datas especiais, como o 7 de setembro.
Rás Gonguila faleceu em 1968, foi enterrado no Cemitério São José, no Trapiche da Barra. O bloco continuou a existir e manteve o frevo nas ruas da capital por muitos anos, conquistando em sua trajetória 23 títulos máximos.
“Olha Maceió aí, gente!”
Homenageando Rás Gonguila, a Beija-Flor de Nilópolis, uma das mais conhecidas e amadas agremiações do samba, levará Maceió para a avenida em 2024. A capital alagoana, pela primeira vez em sua história, será homenageada no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
O anúncio oficial do enredo “Um delírio de carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, aconteceu neste sábado (13), na quadra da Beija-Flor, na baixada fluminense.
Turismo- Maceió é um dos principais destinos turísticos do país, com a entrada de milhares de visitantes todos os anos, especialmente durante os meses de verão. A homenagem da Beija-Flor impulsiona essa estratégia de indução turística, que é fundamental para a economia da cidade.
A estimativa da prefeitura é que a indústria do turismo movimente atualmente uma cadeia produtiva composta por mais de 30 atividades econômicas, onde estão inseridos milhares de trabalhadores, de maneira direta e indireta.
Fonte: Secom Maceió
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