“Negócios da escravidão”, da historiadora Luana Teixeira, é uma delas; edição 2025 do maior evento literário de Alagoas também terá atrações para o público infanto-juvenil
Começou a contagem regressiva para a 11ª edição da Bienal Internacional do Livro, que acontece em outubro, no Centro de Convenções de Maceió. E a Imprensa Oficial Graciliano Ramos terá uma participação expressiva, com dezenas de obras – incluindo novas edições de títulos consagrados – integrando a programação do maior evento literário de Alagoas, e com direito a várias atrações para o público infanto-juvenil.
Destaque para a Coleção Graciliano Ramos, que reúne sete obras de um dos maiores romancistas brasileiros. Uma delas é ‘Minsk’, que versa sobre a fragilidade humana ao retratar a estreita convivência entre uma menina e seu periquito de estimação. ‘Histórias de Alexandre’ e ‘A terra dos meninos pelados’ completam a relação de contos que prometem prender a atenção da garotada durante os dez dias de evento.
Mas a atração principal ficará por conta da relação Brasil-África, tema da Bienal que, este ano, chega não apenas para fortalecer a produção literária, estimulando a formação de cada vez mais leitores, mas também para resgatar a ancestralidade que nos une.
Nesse sentido, a Coleção Palmar – fruto da parceria entre Imprensa Oficial Graciliano Ramos, Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) – surge como uma grata iniciativa.
E entre os escritores já confirmados está Luana Teixeira, autora de “Negócios da escravidão em Alagoas: o comércio interprovincial de pessoas escravizadas em Maceió e Penedo”, que integra a Coleção Palmar. Ela conta que a reedição da obra – lançada em 2017 pela Imprensa Oficial – surgiu, principalmente, da necessidade de se ajustar o título, considerando a denominação ‘pessoa escravizada’, em detrimento do termo ‘escravo’. “O debate sobre essas alterações é feito no prefácio à segunda edição”, explica.
O livro é resultado da tese de Doutorado de Luana e se concentra na história do comércio de pessoas escravizadas durante a segunda metade do século XIX, quando elas deixavam os dois principais portos de Alagoas, com destino a diversas regiões do país, após serem ‘vendidas’.
“O livro decorre de uma pesquisa empírica, cuja metodologia permite uma ampla compreensão daquele contexto, visto que aborda o comércio interprovincial desde os aspectos mais gerais, que envolvem a economia do Império brasileiro, até os mais específicos. Buscamos, portanto, analisar como esse comércio afetou tantas vidas, bem como seus reflexos na sociedade atual, ainda excludente e racista”, emenda a historiadora.
Para Luana, esta edição da Bienal é mais uma oportunidade de se examinar as consequências da escravidão no Brasil. “É preciso discutir os motivos pelos quais a sociedade foi conivente, já que sustentou tamanha exploração. Afinal, a escravidão foi a base da riqueza do país por séculos. Além do mais, os descendentes de escravizados não receberam nenhum tipo de reparação ao longo da história”, ressalta a também professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
A Bienal
Maior evento literário, cultural e artístico do estado, a Bienal Internacional do Livro de Alagoas é uma realização da Ufal e do Governo de Alagoas. “Brasil e África: ligados culturalmente por seus ritos e raízes” é o tema da edição 2025, que acontece entre 31 de outubro e 09 de novembro, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió.
A expectativa é de que o evento supere a marca de 300 mil visitantes ao longo dos 10 dias de programação. Serão gerados cerca de 1 mil empregos temporários durante a Bienal, que terá 140 estandes e mais de 100 lançamentos.
A expectativa é de que sejam comercializados mais de 30 mil livros, movimentando, assim, aproximadamente R$ 10 milhões em vendas. Além disso, o encontro vai reunir, ainda, quase 300 atividades literárias e artístico-culturais – cuja programação também pode ser acessada no endereço eletrônico bienal.ufal.br/2025.
O tema deste ano destaca a confluência África-Brasil nos mais variados aspectos, como a língua, a literatura, a dança, a música e a culinária. E além de celebrar os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe), a Bienal deste ano também vai homenagear Mãe Neide Oyá d’Oxum, Mãe Mirian e Pai Célio, patronesse, madrinha e padrinho do evento, respectivamente.
Fonte: Agência Alagoas
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