Escola estadual apresenta projeto de mobilidade urbana em São Paulo


Iniciativa da Escola Estadual Ovídio Edgar trouxe melhorias de mobilidade para a comunidade escolar

Enxergar a cidade como sala de aula. Foi com essa premissa que a Escola Estadual Ovídio Edgar de Albuquerque, no Tabuleiro do Martins, levou seu projeto de mobilidade urbana e inclusão social para o Festival Urbe de Educação, Urbanismo e Arquitetura, realizado em São Paulo, no último final de semana. Uma ação que já chama a atenção do Brasil por unir protagonismo juvenil, interdisciplinaridade e conscientização comunitária tendo sido destaque também na Revista Nova Escola no último mês de maio.

O projeto teve início em 2021, após a retomada das aulas presenciais, e sua proposta era recompor perdas de aprendizagem do início da pandemia. De acordo com Gedalva Queiroz, professora de Educação Física e idealizadora da ação, a temática da mobilidade urbana surgiu a partir de um levantamento junto aos estudantes e que refletia as dificuldades por eles enfrentadas para chegar até a escola. A iniciativa rapidamente envolveu os demais professores da instituição e abraçou não só a comunidade escolar, mas todo o entorno.

 

“Nestes dois anos, o projeto produziu aprendizagens significativas. Mapeamos os problemas existentes e toda a escola se mobilizou em busca de soluções. Fizemos abaixo-assinado, os alunos percorreram as ruas do bairro, conversaram com amigos, familiares e buscaram assinaturas. A partir daí conseguimos fazer com que a rua fosse asfaltada. Também fizemos campanha para comprar um triciclo para dois alunos com dificuldades de locomoção, em qual tivemos apoio da mídia alagoana. A escola também buscou solucionar problemas de acessibilidade, adaptando a sua calçada e facilitando o percurso de quem possui limitações em sua locomoção”, recorda Gedalva.

Ela avalia que o engajamento na ação também melhorou a aprendizagem dos estudantes. “Tivemos um crescimento de aprendizagem, pois houve o envolvimento de todos os alunos e professores em uma grande ação interdisciplinar. Vemos a cidade como sala de aula e queremos transformá-la em um espaço inclusivo”, destaca Gedalva, adiantando que a próxima reivindicação do projeto será asfaltamento da Rua Israel, nas proximidades da escola.

Vidas transformadas

Aluno da 3ª série do ensino médio, o estudante Robson Thiago do Nascimento e sua irmã Amanda Andriele, também aluna da Ovídio Edgar, no 8º ano do ensino fundamental, foram beneficiados pelo projeto. Com dificuldades de locomoção e em percorrer longas distâncias, eles, muitas vezes, chegavam atrasados ou perdiam aula em virtude dos obstáculos enfrentados para chegar à escola. Graças à campanha promovida pela instituição, foram agraciados com um triciclo e tudo mudou.

“Antigamente enfrentava um percurso cansativo para chegar aqui e uma vez quase me acidentei de bicicleta. Mas, com o triciclo, tudo mudou. Antes gastava em média 30 minutos pra chegar à escola. Hoje não levo mais de três minutos e eu e minha irmã vamos a qualquer lugar da cidade com ele”, comemora Robson.

 

Já as estudantes Sara Vitória Cândido, da 2a série do ensino médio, e Yasmin Silva Ferreira, concluinte da 3a série do ensino médio, adquiriram um aprendizado que levarão para toda a vida.

“Passei a ter um olhar diferente e mais amplo sobre tudo e sobre todos. O projeto mudou a minha vida, aprendi sobre mobilidade, descarte de lixo, coleta seletiva. E, acima de tudo, aprendi que, quando nos unimos, transformamos a realidade ao nosso redor”, afirma Sara. “Mobilizamos toda a comunidade com assinaturas para o abaixo-assinado. Fizemos palestras, buscamos parcerias. Não imaginávamos a proporção que o projeto ganharia e ficamos felizes com a conquista e o reconhecimento alcançados”, conta Yasmin.

A diretora da Ovídio Edgar, Gerliane da Silva, também ressalta a união da comunidade escolar em torno do projeto. “Esta iniciativa impactou não só a vida dos alunos, mas também dos professores. Todos nos tornamos mais conscientes acerca da questão da mobilidade urbana, da importância da inclusão e buscamos práticas pedagógicas que agregassem e abordassem estas questões”, pontua a gestora.

Fonte: Agência Alagoas

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