Os olhos atentos das crianças sobre os instrumentos e a batuta que rege a orquestra, revelam a alegria de cada criança presente no Concerto Azul, da Orquestra Filarmônica de Alagoas. Na manhã deste sábado (23), as crianças com transtorno do espectro autismo (TEA), ocuparam os assentos do Teatro Deodoro, para ouvir música clássica e participarem de um momento inclusivo, em que pais e filhos com o transtorno puderam se expressar de forma espontânea, sem o julgo de quem não convive com o espectro.
“O olho vê, a lembrança revê e a imaginação transvê”. O poema do Manoel de Barros foi lembrado pelo Maestro Luiz Martins, ao destacar a importância da arte e da imaginação. Durante 50 minutos, ele conduziu os violinos, violoncelos e contrabaixos em um passeio sonoro entre a Nona Sinfonia de Beethoven, As Quatro Estações de Vivaldi e clássicos contemporâneos que fazem parte do imaginário das crianças, como a canção do Sítio do Pica Pau Amarelo.
“Todas as crianças precisam de carinho e atenção e é isso que a música pode promover. A gente só vai conseguir realmente transformar o mundo quando a gente promover a inclusão, sobretudo, através das artes da cultura em geral. Tocar para essas crianças é uma experiência maravilhosa, nós agradecemos por esta iniciativa, por ter entendido essa causa importantíssima. Este é um concerto pioneiro em Alagoas, até em nível de Brasil existem pouquíssimas iniciativas inclusivas como esta e nós recebemos esse convite com muita esperança”, destacou Luiz Martins, Maestro e diretor da Orquestra Filarmônica de Alagoas.
Na oportunidade, Daniel Viana, de 13 anos, que tem autismo de auto funcionamento, tocou violoncelo para plateia. Sua mãe, Katiuscia Viana se emocionou com o momento em que o filho pôde se expressar de forma espontânea entre pessoas que entendem como é a realidade do espectro autismo.
“Temos poucas oportunidades do ponto de vista social, do lazer. E ter esse momento em que ele pôde participar, ele que é apaixonado por música, foi muito importante pra ele e emocionante pra mim. Aqui eles ficam à vontade, sendo eles mesmo, sem descriminação”, conta a mãe.
Os sons produzidos no recinto foram adaptados, pois as crianças com autismo têm uma ultra sensibilidade auditiva. Por isso, a orquestra foi reduzida, o som não ultrapassou 65 decibel e as palmas tradicionais foram substituídas pelas de línguas de sinais.
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